terça-feira, 17 de abril de 2012

AVALIAÇÃO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO PARA O 1º ANO – ENSINO MÉDIO.

"A marca da maldade"

Agora que Romário anunciou seu jogo de despedida e desistiu oficialmente do sonho utópico de chegar aos mil gols, podemos falar de sua carreira usando o verbo no pretérito. Foi o maior centroavante que eu vi jogar?

É difícil dizer. Na infância, cheguei a ver um pouco, muito pouco, de Coutinho. Depois, nos anos 70 e 80, vi Reinaldo, o Rei do Atlético-MG. Por fim, acompanho há dez anos a fabulosa trajetória de Ronaldo. Esses quatro foram os maiores de todos, acho.

(...) Quem já jogou futebol alguma vez na vida sabe que a entrada nas quatro linhas que delimitam a grande área altera o batimento cardíaco, o ritmo da respiração, a capacidade de percepção, a temperatura do corpo - enfim, todo o metabolismo do jogador.

Naquele espaço, o tempo parece acelerar, a bola pesa mais, o gol muda de tamanho e se deforma como nos pesadelos ou nas alucinações. Ou pelo menos isso é o que acontece com o comum dos mortais.

O grande goleador parece imune a condições anormais de temperatura e pressão, ou então sabe controlá-las e utilizá-las a seu favor. Onde o outro treme, ele vibra. Onde o outro se afoga, ele nada.

(...) A meu ver, o problema de certos atacantes não é técnico, e sim, digamos, moral. A cara deles mostra que são bonzinhos demais. O Marcelo Ramos, por exemplo, dá a impressão de ser incapaz de chutar a bola para as redes sem antes pedir licença ao goleiro.

Já um Romário, além de técnica invejável, malandragem e sabedoria no posicionamento dentro da área, tem (ou tinha?) uma dose imprescindível de maldade. Basta olhar para ele para saber que suas intenções são as piores, e seus métodos, os mais sádicos.

Uma imagem do filme oficial da Copa de 94, "Todos os Corações do Mundo", de Murilo Salles, mostra isso à perfeição. Antes de entrar em campo para a final, Brasil e Itália estão perfilados lado a lado no túnel. A câmera flagra, no mesmo quadro, o olhar assustado de Baggio para Romário e os olhos altivos e inescrutáveis do brasileiro, que parecem antever a vitória. Naquele momento, o Brasil começava a ganhar a Copa do Mundo.

(COUTO, José Geraldo. A marca da maldade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2 out. 2004. Adaptação.)

 

01. Para o autor do texto, o jogador que tem "uma dose imprescindível de maldade" é aquele que

(A) alcança o gol do adversário sem hesitar ou pedir licença. (B) chuta a bola para as redes pedindo licença ao goleiro.

(C) machuca sempre seus adversários propositalmente.        (D) passa o jogo gritando contra o juiz e os adversários

 

02. O texto defende a idéia de que um bom jogador deve

(A) sentir o coração acelerar e a temperatura subir quando entrar na área.

(B) ser igual aos jogadores Coutinho, Reinaldo, Ronaldo e Romário.

(C) ter determinação para atingir o objetivo que o empurra para a frente.

(D) ter uma cara que dê ao adversário a impressão de que pedirá para passar.

 

03. A expressão sublinhada em "Naquele espaço, o tempo parece acelerar, a bola pesa mais, o gol muda de tamanho e se deforma, como nos pesadelos ou nas alucinações" (quarto parágrafo) significa que o jogador tem a impressão de que o gol parece

(A) deformado por causa do forte calor.          (B) deformado por causa do seu nervosismo.

(C) encolhido por causa da chuva intensa.     (D) entortado por causa do ângulo em que está.

 

04. No sétimo parágrafo, em "Já um Romário, além da técnica invejável, malandragem e sabedoria no posicionamento dentro da área...", o autor compara Romário a Marcelo Ramos afirmando que os dois são jogadores

(A) altivos.     (B) bonzinhos.     (C) diferentes.     (D) semelhantes.

 

05. Segundo o autor do texto, a entrada na grande área altera o metabolismo do jogador comum porque parece que o gol

(A) fica mais fácil de fazer.                    (B) permanece sempre do mesmo tamanho.

(C) deforma-se como nos pesadelos.   (D) torna-se impossível de atingir.

 

06. No trecho "Onde o outro treme, ele vibra. Onde o outro se afoga, ele nada" (quinto parágrafo), o autor compara

(A) o comum dos mortais ao grande goleador. (B) o grande atacante ao centroavante comum.

(C) o jogador Coutinho a Reinaldo e Ronaldo.  (D) o jogador italiano ao jogador brasileiro.

 

"Pombos e rodovias"

Já se desconfiava que pombos-correios seguiam grandes rodovias e ferrovias para voltar para casa. Isso chegou a ser observado em estudos feitos a partir de aviões e helicópteros.

Para testar essa hipótese, pesquisadores colocaram nas costas dessas aves um diminuto aparelho de posicionamento global por satélite – mais conhecido pela sigla, em inglês, GPS – para mapear com precisão o movimento dos animais. Por três anos foram observados 216 vôos de pomboscorreios já experientes que cumpriram trajetórias de até 50 km nas redondezas de Roma.

A conclusão é que eles realmente seguem grandes estradas na volta ao lar, principalmente no início e no meio da jornada. E isso ocorre mesmo quando essa rota os afasta do percurso mais curto para casa. Segundo os autores, ao optar por essa estratégia, os pombos podem tornar a navegação mais simples, sem precisar ativar sua "bússola" interna, e, assim, dedicar, por exemplo, mais atenção a possíveis predadores.

                                                                                           (POMBOS e rodovias. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, set. 2004.)

 

07. O texto pode ser resumido na seguinte frase:

(A) pesquisadores acham que o objetivo das aves ao optar por esta estratégia é complicar a navegação.

(B) pesquisadores colocaram um aparelho denominado GPS nas costas dos pomboscorreios.

(C) pesquisadores observaram e concluíram que os pombos seguem rodovias ao voltar para casa.

(D) pesquisadores observaram o comportamento de mais de duzentos pombos-correios experientes.

 

08. A expressão "posicionamento global por satélite" se refere

(A) à estratégia usada por pombos-correios.       (B) à posição estabelecida por helicópteros.

(C) ao mapeamento do movimento de animais.   (D) a um aparelho que mede grandes distâncias.

 

09. A leitura do texto permite depreender que os pombos escolhem sobrevoar as rodovias e ferrovias porque essas rotas

(A) são mais simples e seguras ainda que sejam mais longas.

(B) mesmo sendo muito mais longas, são mais agradáveis.

(C) não são muito longas e, portanto, menos cansativas.

(D) são mais curtas e, por isso, não precisam usar a sua "bússola".

 

10. Segundo o texto, os pombos-correios têm uma bússola interna, o que equivale a dizer que esses animais

(A) têm um aparelho de posicionamento por satélite.  (B) seguem as rotas de aviões e helicópteros.

(C) possuem um meio natural de navegação. (D) escolhem o caminho mais curto para casa.

 

"Empacotadores veteranos"

Supermercados criam oportunidades para quem tem mais de 50 anos

Projeto de inclusão social, via trabalho. É o que começam a fazer as Sendas, no Rio, e o Compre Bem, em São Paulo, ao lançar o "Programa Empacotadores". A idéia é contratar mil pessoas acima de 50 anos para atuar na área de atendimento de suas lojas.

A princípio, o projeto começa em 12 lojas Sendas e 20 unidades Compre Bem – o que representa 460 novos postos de trabalho dirigidos à terceira idade. É gente que vai trabalhar quatro dias por semana, com carga horária de seis horas diárias. Essa primeira turma, que já foi selecionada em agosto, tem, em sua maioria, nível médio, além de perfil para lidar com público. Em breve, outras oportunidades serão abertas.

No Grupo Pão de Açúcar, já existem mil empregados acima de 50 anos, que ficam não

somente na área de atendimento, mas desenvolvem carreira dentro da empresa. Segundo a companhia, os clientes também aprovaram a iniciativa da rede de supermercados.

– Ao inseri-los no mercado de trabalho, entendemos que estamos cumprindo um papel social importante, ao mesmo tempo que começamos a romper paradigmas e mostrar o potencial de uma nova classe de trabalhadores no Brasil – diz Maria Aparecida Fonseca, diretora executiva de Recursos Humanos do Grupo Pão de Açúcar.

                                                                                (EMPACOTADORES veteranos. O Globo, Rio de Janeiro, 3 out. 2004.)

 

11. A notícia tem a finalidade de

(A) convencer cada leitor a trabalhar em novo supermercado.

(B) criticar a iniciativa de alguns supermercados brasileiros.

(C) lamentar a chance de inclusão social para pessoas da terceira idade.

(D) noticiar uma iniciativa de inclusão social para pessoas acima de 50 anos.

 

12. O texto "Empacotadores Veteranos", em resumo, noticia que

(A) clientes aprovaram a contratação de empregados veteranos para o trabalho de  empacotador.

(B) diretores dos supermercados também se empenham em cumprir um importante  papel social.

(C) supermercados pretendem que os novos empregados desenvolvam carreira na empresa.

(D) supermercados estão abrindo vagas de trabalho para a terceira idade, na área de atendimento.

 

13. O projeto propõe que supermercados contratem funcionários veteranos para uma carga de

(A) 4 horas diárias por 4 dias semanais.    (B) 6 horas diárias por 4 dias semanais.

(C) 8 horas diárias por 4 dias semanais.    (D) 6 horas diárias por 5 dias semanais.

 

 

A outra noite

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:

– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.

– Mas, que coisa. . .

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

– Ora, sim senhor. . .

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

(BRAGA, Rubem. A outra noite. In: PARA gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979. v. 2.)

 

14. O autor conta que em São Paulo e no Rio estava uma noite de

(A) calor e chuva.   (B) lua cheia.   (C) luar lindo.   (D) vento e chuva.

 

15. Em "havia uma outra noite", a expressão sublinhada refere-se a uma noite

(A) de céu fechado.  (B) de vento e chuva.   (C) preta e enlameada.   (D) pura e perfeita.

 

16. Considerando a maneira como é narrada a reação do taxista (no último parágrafo), pode-se inferir que ele ficou

(A) sensibilizado com a conversa.  (B) curioso por mais informações.

(C) agradecido com o presente.  (D) desconfiado com o pagamento.

 

17. Em seu texto, Rubem Braga comenta um

(A) acontecimento corriqueiro.   (B) comportamento previsível.

(C) pensamento indesejável.   (D) sonho inesperado.

 

Passaredo

Ei, pintassilgo

Oi, pintaroxo

Melro, uirapuru

Ai, chega-e-vira

Engole-vento

Saíra, inhambu

Foge asa-branca

Vai, patativa

Tordo, tuju, tuim

Xô, tié-sangue

Xô, tié-fogo

Xô, rouxinol sem fim

Some, coleiro

Anda, trigueiro

Te esconde colibri

Voa, macuco

Voa, viúva

Utiariti

Bico calado

Toma cuidado

Que o homem vem aí

O homem vem aí

O homem vem aí

Ei, quero-quero

Oi, tico-tico

Anum, pardal, chapim

Xô, cotovia

Xô, pescador-martim

Some, rolinha

Anda, andorinha

Te esconde, bem-te-vi

Voa, bicudo

Voa, sanhaço

Vai, juriti

Bico calado

Muito cuidado

Que o homem vem aí

O homem vem aí

O homem vem aí

(HIME, Francis; BUARQUE, Chico. Passaredo. Letra. Disponível em:

http://chico_buarque.letras.terra.com.br/letras/80825. Acesso em: 5 nov. 2004.)

 

18. Pode-se afirmar que o texto é um poema porque

(A) inicia a maioria das linhas com letras maiúsculas.   

  (B) se organiza em função da sonoridade e do ritmo.

(C) estão repetidas as expressões "te esconde" e "toma cuidado".

(D) relaciona o eu-lírico com várias espécies de pássaros.

 

19. No texto "Passaredo", as referências a diversos pássaros servem de base para alertar sobre

(A) uma campanha de vacinação de animais.               (B) uma visita guiada a um jardim zoológico.

(C) a natureza em perigo diante do homem predador.  (D) as campanhas publicitárias de venda de produtos.

 

20. Os versos "O homem vem aí/O homem vem aí" referem-se a idéia de que

(A) o esconderijo das aves foi descoberto pelo homem.  (B) a natureza reage à invasão do homem.

(C) as aves serão engaioladas pelos homens.  (D) o homem representa um perigo para a fauna.

 

21. O texto tem como tema

(A) a sobrevivência do homem na mata.  (B) o perigo de destruição das aves pelo homem.

(C) o relacionamento do homem com a flora.  (D) a rica variedade da fauna brasileira.

 

Sem sinalização

Recentemente, precisei de um mapa para chegar a um lugar à beira da Marginal Tietê. É claro que o mapa de nada adiantou, pois os nomes das pontes estão afixados "nas" pontes e não "antes" delas. E não há placas anunciando a qual ponte se está chegando. Ao ver que chegara a uma ponte de onde deveria ter saído antes, precisei passar por debaixo dela, pegar a alça e cruzá-la. Pergunto à CET ou ao DSV: custa muito fazer placas com os nomes das pontes das Marginais do Pinheiros e do Tietê, para que o cidadão saiba de qual ponte está se aproximando? Por que isso ainda não foi feito?

(COSTA, Cláudia. Sem sinalização. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 31 out. 2004.)

 

22. Na carta, a leitora dirige a sua reclamação aos órgãos responsáveis pelo trânsito da

cidade. Isso pode ser evidenciado na seguinte passagem:

(A) "custa muito fazer placas com os nomes das pontes".

(B) "É claro que o mapa de nada adiantou."

(C) "E não há placas anunciando a qual ponte se está chegando".

(D) "Pergunto à CET ou ao DSV".

 

23. A pessoa que escreve a carta relata que acabou errando o caminho porque

(A) as placas estão no lugar errado.  (B) as pontes estão muito afastadas.

(C) desconhecia a Marginal dos Pinheiros.   (D) deixou de consultar um mapa.

 

24. A leitora pede providências aos órgãos responsáveis pelo trânsito por não ter

(A) acertado os nomes das pontes das Marginais.

(B) chegado à ponte que queria.   (C) consultado o mapa das pontes.  

(D) saído da Marginal Tietê no lugar pretendido.

 

25. As perguntas que a leitora dirige à CET e ao DSV mostram que ela está

(A) desorientada.   (B) desanimada.   (C) indignada.    (D) indecisa.

 

 

 

 

 

 

 

Boa sorte!!!!

GABARITO

1A, 2C, 3B, 4C, 5C, 6A, 7C, 8C, 9A, 10C, 11D, 12D, 13B, 14D, 15D, 16A, 17A, 18B, 19C, 20D, 21B, 22D, 23A, 24D, 25C.