terça-feira, 29 de março de 2011

Exercícios sobre interpretação de texto

No País do Futebol

Segunda-feira – 14 horas – Juvenal Ouriço aproximou-se de um vendedor parado à porta de uma loja de eletrodomésticos e perguntou:

– Qual desses oito televisores os senhores vão ligar na hora do jogo?

– Qualquer um – disse o vendedor desinteressado.

– Não. Qualquer um não. Eu cheguei com duas horas de antecedência e mereço uma certa consideração.

– Pra que o senhor quer saber?

– Para já ir tomando posição diante dele. O vendedor apontou para um aparelho. Juvenal observou os ângulos, pegou a almofada que o acompanha ao Maracanã e sentou-se no meio da calçada.

– Ei, ei, psssiu – chamou-o um mendigo recostado na parede da loja – como é que é, meu irmão?

– Que foi? Perguntou Juvenal.

– Quer me botar na miséria? Esse ponto aqui é meu.

– Mas eu não vou pedir esmola.

– Então senta aqui ao meu lado.

– Aí não vai dar para eu ver o jogo.

– Na hora do jogo nós vamos lá para casa.

– Você tem TV a cores?

– Claro. Você acha que fico me matando aqui pra quê?

Juvenal agradeceu. Disse que preferia ficar na loja onde tinha marcado encontro com uns amigos que não via desde a final da Copa de 70. O mendigo entendeu. E como gostou de Juvenal lhe deu o chapéu onde recolhia esmolas. Juvenal, distraído, enfiou-o na cabeça.

– Não, não. Na cabeça não.

– Por que não?

– Já viu mendigo usar chapéu na cabeça? Deixe-o aí no chão. Sempre pinga qualquer coisa.

 

1. A escolha do título No País do Futebol justifica-se:

(A) pelo gosto de Juvenal por esse esporte tão popular no país.

(B) pelo encontro marcado com os amigos que não via desde a Copa de 70.

(C) pelo fato das lojas mostrarem o jogo pelos aparelhos que estão à venda.

(D) pelo encadeamento dos temas presentes no texto, entre eles, o do futebol.

 

2. A fala do personagem: "– Claro. Você acha que fico me matando aqui pra quê?" indica que

ele, ao ficar na rua, se encontrava em uma situação de

(A) doença.    (B) contravenção.    (C) trabalho.     (D) ócio.

 

3. "– Mas eu não vou pedir esmola." Ao dizer esta frase, Juvenal está negando uma interpretação

que o mendigo fez de uma ação sua. Esta ação foi:

(A) não ter comprado um TV a cores.  (B) ter-se sentado no meio da calçada.

(C) ter apontado para um dos aparelhos.  (D) ter resolvido ver ali o jogo.

 

4. Há uma relação de causa e conseqüência em:

(A) "E como gostou de Juvenal lhe deu o chapéu onde recolhia esmolas."

(B) "Deixe-o aí no chão. Sempre pinga qualquer coisa."

(C) "Você acha que fico me matando aqui pra quê?"

(D) "Juvenal, distraído, enfiou-o na cabeça."

 

5. Em uma das frases abaixo, o termo em destaque tem como antecedente outro termo que aparece no texto como um recipiente.

(A) Para já ir tomando posição diante dele.

(B) Disse que preferia ficar na loja onde tinha marcado encontro com uns amigos.

(C) E como gostou de Juvenal lhe deu o chapéu onde recolhia esmolas.

(D) Já viu mendigo usar chapéu na cabeça ?

 

6. A informação "segunda-feira – 14 horas" e o fato de Juvenal carregar uma almofada sugerem

que a cena corresponde:

(A) a uma simulação do futebol.   (B) a um jogo que ocorreria num feriado.

(C) ao fato de Juvenal ser um desocupado.

(D) ao fato de Juvenal ser mais pobre que o mendigo.

 

7. Com a precariedade do transporte coletivo, cada vez mais acentuada, a classe média adotou as peruas como alternativa de condução. Isso tem causado descontentamento entre muitos taxistas, que não aceitam a concorrência que julgam desleal. Não estranhemos, pois, que a categoria se manifeste denunciando os motoristas que, segundo os prejudicados, atuam ilegalmente.

 

A conjunção grifada no texto traduz idéia de

(A) explicação.  (B) adversidade.   (C) adição.  (D) conclusão.   (E) alternância.

 

8. Eu tinha sido criado num primeiro andar. Todo o meu conhecimento do campo fizera nuns passeios de bonde a Dois-Irmãos. E era com olhos deslumbrados que olhava então aqueles sítios, aquelas mangueiras e os meninos que via brincando ali. As divergências de meu pai com meu avô nunca permitiram à minha mãe fazer uma temporada no engenho.

 

O texto acima sugere

(A) a apreensão do mundo urbano por uma consciência rústica.

(B) a crítica do mundo rural pela consciência do civilizado.

(C) a revelação da natureza intocada pela civilização.

(D) o contraste entre dois universos culturais.

(E) a descoberta da usina por um menino de engenho.

 

9- Marque a seqüência   que completa  corretamente as lacunas para que os dois trechos a seguir sejam coerentes.

I- A visão sistêmica exclui o diálogo, de resto necessário numa sociedade ________ forma de codificação das relações sociais encontrou no dinheiro uma linguagem universal. A   validade dessa  linguagem  não  precisa  ser questionada, ________ o  sistema  funciona  na  base de imperativos automáticos que jamais foram objeto de discussão dos interessados.

(Barbara Freytag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, pág. 61, com adaptações)

 

a) em que – posto que            b) onde – em que           c) cuja – já que  

d) na qual – todavia        e) já que – porque


II-O fenômeno da globalização econômica ocasionou uma série ampla e complexa de mudanças sociais no nível interno e externo da sociedade, afetando, em especial, o poder regulador do Estado. _________________ a estonteante rapidez e abrangência _________ tais mudanças ocorrem, é preciso considerar que em qualquer sociedade, em todos os tempos, a mudança existiu como algo inerente ao sistema social.


a) Não obstante – com que               b) Portanto – de que           c) De maneira que – a que     

 

d) Porquanto – ao que            e) Quando – de que